Quando me aborreço com pessoas me
isolo. Questiono-me e fico analisando os fatos. Percebo que lidar com pessoas é
muito difícil e mais complicado do que imaginamos.
Cada um tem seus ideais, suas
limitações, suas opiniões, seus questionamentos. Fico atenta ao que acontece. Gosto
de pessoas. Gosto de saber o que pensam e o que sentem.
Geralmente culpo-os e depois os perdoo,
porque quero ver meu coração livre, meu peito leve. É mais fácil perdoá-los do
que ficar amargando um veneno que me corrói.
Tem alguns fatos que acabo me acostumando
a engolir seco. Não porque eu quero, porém, é o mais sensato para o momento, a
ouvir aquilo que não quero ou lutar por algo que não é o que eu espero. Tudo
porque é imposto e não tenho a coragem de dizer o que sinto de verdade.
Às vezes é preferível engolir seco a
comprar briga ou gerar uma discussão desnecessária. Assim, fico presa a uma
prisão que não quero. A uma vida que não é minha, a uma luta que sempre será em
vão, a um futuro que olho pela janela da minha alma e não sei se é verdadeiro
ou não.
É um sonho alucinógeno que idealizamos
para nossa própria sobrevivência ou uma realidade só para nós. Tudo isso
acontece porque nos submetemos a fazer aquilo que não é da nossa vontade.
Regras e mais regras, leis, horários
para tudo, isso me deixa áspera de raiva. Não quero essa aspereza porque
contamina minha pele, me deixa com marcas amargas e eu não quero isso.
Quero o mundo aos meus braços e quando
o tenho me sinto pequena demais para conseguir alcançá-lo. Ele é tão vasto que
tenho medo, medo de ser engolida e não conseguir respirar.
Quero me entregar à desorientação de
vez em quando, sem pensar que tem alguém me observando, me questionando, me
orientando. Quero viver plena e desordenadamente para me satisfazer. Adoro
quando faço surpresa para mim mesma, quando me satisfaço de alguma forma. Meu
peito agradece.
Quero sempre a desorientação misturada
com a loucura de viver sempre fora de um contexto normal.
Rita Padoin