sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

QUANDO

Quando me aborreço com pessoas me isolo. Questiono-me e fico analisando os fatos. Percebo que lidar com pessoas é muito difícil e mais complicado do que imaginamos.

Cada um tem seus ideais, suas limitações, suas opiniões, seus questionamentos. Fico atenta ao que acontece. Gosto de pessoas. Gosto de saber o que pensam e o que sentem.

Geralmente culpo-os e depois os perdoo, porque quero ver meu coração livre, meu peito leve. É mais fácil perdoá-los do que ficar amargando um veneno que me corrói.

Tem alguns fatos que acabo me acostumando a engolir seco. Não porque eu quero, porém, é o mais sensato para o momento, a ouvir aquilo que não quero ou lutar por algo que não é o que eu espero. Tudo porque é imposto e não tenho a coragem de dizer o que sinto de verdade.

Às vezes é preferível engolir seco a comprar briga ou gerar uma discussão desnecessária. Assim, fico presa a uma prisão que não quero. A uma vida que não é minha, a uma luta que sempre será em vão, a um futuro que olho pela janela da minha alma e não sei se é verdadeiro ou não.

É um sonho alucinógeno que idealizamos para nossa própria sobrevivência ou uma realidade só para nós. Tudo isso acontece porque nos submetemos a fazer aquilo que não é da nossa vontade.

Regras e mais regras, leis, horários para tudo, isso me deixa áspera de raiva. Não quero essa aspereza porque contamina minha pele, me deixa com marcas amargas e eu não quero isso.

Quero o mundo aos meus braços e quando o tenho me sinto pequena demais para conseguir alcançá-lo. Ele é tão vasto que tenho medo, medo de ser engolida e não conseguir respirar. 

Quero me entregar à desorientação de vez em quando, sem pensar que tem alguém me observando, me questionando, me orientando. Quero viver plena e desordenadamente para me satisfazer. Adoro quando faço surpresa para mim mesma, quando me satisfaço de alguma forma. Meu peito agradece.


Quero sempre a desorientação misturada com a loucura de viver sempre fora de um contexto normal.

Rita Padoin

A BELEZA

A beleza está relacionada com o encanto que cada um tem interiormente. Rita Padoin
 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Eu

Sempre que me surpreendo comigo mesma me vejo diferente, me vejo crescida com certas atitudes diferenciadas. Surpreendo-me por agir de maneira eloquente. Sinto-me tão íntima comigo mesma que o acaso se vê sem uma definição, sem uma imaginação, sem nenhum enfoque; é como se eu me vertesse dentro das quatro paredes que estou neste momento.
Quando olho pela janela com um olhar vago, vejo que tudo lá fora me observa. Percebo então que sou tão dona do mundo quanto uma árvore é da terra, uma semente é da fruta, as estrelas e a lua são do céu e que meu corpo é matéria, quando sem o espírito ele morre.
Sinto-me amparada pelo som do mistério que invade cada ponto invisível do meu corpo. É como se fossem os quatro elementos elementares da natureza que invadem o mundo para que tudo sobreviva num eterno equilíbrio ecológico. É uma sensação de desapego que me faz sentir deslocada e fora da órbita por alguns instantes.
Penso em lutar contra todo esse sistema que me deixa sem a força vital. Talvez seja uma luta em vão, mas, pode ser que essa luta seja próspera. Claro que não será nada fácil, sei também que nada nessa vida é fácil, tudo é muito complicado, cheio de regras, de instruções e de inverdades.
Quero a ilimitação de viver para ter a certeza que vale a pena estar viva...

Rita Padoin

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

IMAGINAÇÕES

Muitas vezes tenho vontade de ser extremamente cruel. Uma crueldade que dilacera o que vem pela frente, sem dó e nem piedade. É uma vontade cruel que chega a doer e provocar a morte. Depois esta vontade passa.

Às vezes me sinto tão só que fico com dó de mim. É uma dor que machuca o peito.

É como estou neste momento, dilacerada, por dentro e por fora. Uma dor cruel onde morte e vida se misturam numa mesma intensidade, como se fossem uma só. Perpetuei-me para não me tornar monstruosa diante do que estou sentindo.

Sinto-me uma exclamação. Verto-me horizontalmente como a água do rio a contornar os obstáculos para chegar de encontro ao mar e se fundir em um só. Sou o que penso ser, sou assim como imagino, sou a liberdade em forma de sopro, sou o ar que respiro.

O mundo respira num eterno silêncio. Eu respiro e o silêncio fica dentro de mim, me alimentando. Tento me encaixar em algum molde que encontro e não consigo. Estou fora de forma, fora de foco, fora do contexto. É ilimitado meu pensamento, uma mistura sem definição.

Somo as incompreensões, multiplico as indiferenças e faço todos os cálculos matemáticos para compreender o incompreensível.

Não consigo saber mais quem sou, é curioso. Estou num mundo tão silencioso que fico com medo dele. Estou com medo neste instante, um medo que não sei descrever. Não é do silêncio que eu tenho medo é de mim mesma, é do que tenta se apossar de mim neste momento.

É momentâneo, mas, este intervalo parece que me engole num único e irresistível sopro. É a imaginação do momento me engolindo.

Rita Padoin 

 

BETH HART - LA SONG


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

VIAJANTE

Viajar pelas curvas do mundo numa embarcação sem passagens e sem bagagens. Apenas embarcar sem planos de volta, sem as horas me acompanhando, sem o tempo me questionando.
 
Assim, vou eu. Uma viajante sem destino traçado. Uma nômade em busca de novas aragens, indo na direção em que o vento me levar, nas asas da imaginação, nos cabelos longos do tempo.
 
Na primavera, iniciarei minha caminhada. Na primavera, seguirei sem destino traçado. Na primavera, tudo recomeça com força total, tudo desabrocha para um novo e belo começo. Assim serei eu, uma nova mulher que renascerá para um novo mundo.
 
A vida olha pela janela do futuro e da início no exato momento de ir. Transbordando, a felicidade inunda a caminhada que cruza os planaltos, serras, mares e oceanos num transe de uma mistura momentânea.
 
Nas terras distantes reencontro o destino planejado e trago o que estava oculto. Vivo dentro de cada passo, cada olhar, cada encontro, tudo dentro deste ilimitado momento.
 
Ficou lá atrás o passado parado me olhando sem conseguir me alcançar. A distância entre este passado e o futuro não tem limites, apenas o ilimitado alcance de dois mundos que jamais se cruzarão novamente.
 
É a ordem cronológica dos acontecimentos que descreve o destino que passou; o que resta é apenas um futuro que virá e não sabemos o que ele trará.
 
Rita Padoin

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

REORGANIZAÇÃO

Fui caminhar e aproveitei para reorganizar minha mente. Reorganizar o que na verdade tinha ficado perdido num tempo sem muito o que questionar. Analisar certas atitudes comportamentais que deixou tudo muito confuso entre o eu querer e o eu ter.
 
Estive pensando sobre certas conversas. Analisei cada frase formulada, cada palavra dita. Repensei e analisei minuciosamente uma a uma novamente para não ter dúvidas nenhuma do que eu havia descoberto naquele momento.
 
Cada passo que dou, uma certeza de ter sido uma passagem simplesmente, um período de pura imaginação que a vida reservou para minha sobrevivência. É a essência de cada momento que me deixou em pura reflexão dos atos e da própria luta para sobreviver.
 
Entre a fonte e o alvo há uma predisposição na linha imaginária de ficar calada por um longo período, sendo o momento um tanto propício para isso.
 
Já pensei muitas vezes em largar tudo. Armazenar o que mais me interessa dentro de uma mochila e partir para o destino incerto. Reorganizo meus pensamentos e vejo que o destino incerto me dá a certeza do que quero buscar. Dá-me o enfoque que liga a ponte para o outro lado do destino. Um lado cheio de expectativas, incertezas e mistérios.
 
Assim, deixo de lado as incertezas da vida e das lutas que ela se encarregou de me dar de presente. Como tudo e como todos há as interrogações que ficam no ar lembrando-nos que nada nesta vida é como imaginamos. Nada vem de graça, tudo é aprendizado e se não aceitarmos as pessoas como elas são, seremos esmagados.
 
Rita Padoin
 

domingo, 25 de novembro de 2012

BREVE ADEUS

Vieste sem avisar, sem nenhum sinal, nenhuma notícia, apenas reapareceu como o sopro do vento. Reascendeu o que tinha ficado adormecido num tempo distante e sem nenhuma esperança. Balançou os monumentos, revolucionou o tempo, movimentou o mundo, remexeu as estruturas, acalentou o coração, tremeu as bases.
 
Era uma manhã de outubro. O dia estava cinzento. Da janela fiquei a observar os movimentos do mundo, cada traço, cada som e senti uma breve e momentânea felicidade.
 
Olhaste dentro dos meus olhos e sentimos que a saudade apenas tinha ficado num caminho distante. Relembramos um tempo de pura expectativa e sonhos. Um tempo que reascendia uma chama de eterna magia. Tudo voltou naquele breve momento de relembranças.
 
Nas gavetas do tempo as folhas amareladas e tímidas do passado não se moveram, ficando apenas o que era superficial. Com um simples adeus foste no mesmo instante que vieste. Teu vulto foi sumindo pelo caminho e o tempo parou para acenar com um adeus tão breve quanto a tua chegada.
 
Em meio ao nebuloso, sem nenhum entendimento, sem nenhuma resposta tu te foste. As interrogações ficaram soltas sem nenhuma pergunta. Sem nada a entender viraram exclamações que verteram em nada diante do tudo que estava à nossa frente.
 
 Assim, evaporou o que ainda tinha restado de uma lembrança passada. O ciclo se fechou e a vida chama para um novo e esplendoroso início.
 
Autora: Rita Padoin

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Medo

O medo nos impede de viver, de realizar aquilo que idealizamos. O medo cria atalhos momentâneos que nos faz criar monstros dentro de nós engolindo nossa força, nossa segurança de seguir em frente, nossas oportunidades e nossas energias.
Estes monstros são tão poderosos, que quando percebemos perdemos tudo aquilo que deveria ter acontecido e acaba não acontecendo; ele devastou com tudo em questão de segundos.
São os nossos fracassos gerados pelo medo que se apoderam da nossa fraqueza derrubando os muros que pensávamos que era a nossa fortaleza. É o medo de seguir em frente que acaba derrubando essa fortaleza e todos planos feitos durante toda nossa existência.
O apego gera conflito interior e exterior, levando a uma batalha conflitante onde ambos acabam se machucando por querer um à felicidade do outro.
Esta felicidade se for analisar com calma, chegaremos a uma conclusão que a felicidade que tanto almejamos para as pessoas que amamos, é a nossa felicidade frustrada, que há anos buscamos e não conseguimos atingir o seu cume.
Esta felicidade é aquela que buscamos e idealizamos fora, não percebemos que ela está ali dentro de nós desde a nossa existência nos cutucando e não observamos seu chamado. Não observamos por estarmos preocupado demais com a felicidade daquele que está ali no nosso lado e nem perguntamos a ele se é esta a felicidade que ele idealizou.
Geralmente as pessoas que amamos têm outros planos, outras realizações, outras idealizações, outro caminho a seguir, já que eles têm vida própria e liberdade de espírito.
Pensemos nisso com carinho, o desapego é fundamental para nossa felicidade e a felicidade de quem vive ao nosso redor...

Rita Padoin

sábado, 17 de novembro de 2012

LANA DEL REY - BORN TO DIE


TRAÇOS DA VIDA

Olho-me diante de um enorme espelho sem molduras e vejo um rosto pálido, sem vida, querendo renovar e dar forma novamente. Vejo um corpo estagnado tendo que sair de seus movimentos normais sem que seja visto. Vejo os olhos amadeirados, sem luz apenas observando cada detalhe. Vejo os braços parados como se estivessem mortos e as pernas lado a lado querendo correr e sair deste pequeno quadrado de 3 x 3 e desvendar cada célula.

Quero sair da frente deste grande espelho e viajar juntamente com a grande ave que abriu suas enormes asas só para que eu me aconchegasse dentro delas. Essas asas colossais coloridas bateram suavemente querendo alçar o voo da eternidade. Quero ter a mesma liberdade e voar nos quatro cantos deste universo para desvendar todos os mistérios escondidos.

São nas grandes e velhas construções do passado que ficaram os grãos de areia tornando-se maciços junto com as pedras desenhadas pelas mãos de cada um de seus elementos bárbaros.

Meus pés uniram-se para pensar em como sair deste grande e sombrio labirinto que foram feitos para eles. São labirintos que podem ser desvendados e levados para uma grande área verde de um vasto laranjal, doce como a primavera.

Da janela lateral se vê colinas íngremes e verdes de oliveiras enfileiradas uma a uma, como se fossem um desenho geometricamente calculado. As árvores baixas de troncos retorcidos ungentam com seu doce óleo o corpo, iluminam a noite e suavizam a dor do doente.

Tu, querido andante, que surgiste com o céu da cor âmbar, estendeste um olhar horizontal para cada centímetro do espaço que teus olhos alcançaram. Presenciaste grandes extensões de terras verdes, da cor dos teus olhos. São grandes extensões, como lençóis esticados e bordados delicadamente, como se o leito da vida estivesse ali querendo me acolher.

A grande viagem levou-me a vitoriosas lendas do passado e o sonho de sair dali elevou o grande mestre a localizar sua imensa casa. O corpo se olhou perplexo pela fenda do seu inacreditável mundo e o espelho imóvel apenas observou tudo calado.
 
Rita Padoin

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A TRISTEZA

Já sofri tanto que chorei até não aguentar mais. Troquei a noite pelo dia. Vi a dor rir de mim e não pude fazer nada para impedi-la.
 
Já ri tanto de felicidade que meu peito parecia explodir. Cantei alto e em bom tom para que a tristeza não ouvisse os meus lamentos e nem me visse; assim não teria como ela ficar. Era tão alta minha voz que nem percebi que a tristeza emudeceu.
 
Troquei as fechaduras das portas e pintei a casa de outra cor, assim a tristeza foi embora pensando que eu tinha me mudado. Ela se perdeu em vários caminhos que planejei para que não me achasse. Senti que ela se entristeceu e foi saindo devagarzinho, sem fazer nenhum barulho.
 
Atrás das cortinas fiquei a observá-la. Vi que seguiu seu caminho, cabisbaixa sem olhar para trás. E eu segui o meu sem pensar na tristeza; a música me fez companhia e abraçamos a felicidade juntas.
 
Rita Padoin
 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

VIVO EM BUSCA

Vivo em busca do que me da prazer. Em busca do eterno, do verdadeiro, do sensível, do misterioso. De tudo que faz valer a pena conquistar e do que faz vibrar meu coração.

Busco desesperadamente novas emoções. O que me acomoda me mata, tira cada dia um pedacinho de mim. Sinto a morte me levar a cada segundo se não estiver sempre em busca de novas e intensas aventuras.

Não gosto do que me deixa estagnada. Quero sempre o movimento, as rotatividades do tempo, das estações, das águas, do vento, da lua.

Quero a busca do que me repreende, do que é proibido, quero ser conquistada, quero a conquista.

Investigo cada segundo procurando novos caminhos que me intensificam. Quando encontro, procuro outro e mais outro. Nunca me canso de procurar e de buscar. Cada caminho é um caminho. Cada conquista é diferente, é prazerosa.


Eternizo os momentos, reinvento minhas loucuras, mato saudades que não sei de onde vêm. Faço renascer minhas necessidades abundantes de inspiração.

Rita Padoin

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

sábado, 27 de outubro de 2012

NO AMOR

No amor sou egoísta. Quero o inteiro, o sensato, o perspicaz, o maduro, o ilimitado. No amor ou vem completo ou nada feito. Essa de querer apenas o superficial, não está no meu dicionário. Quero o vendaval, a calmaria, o grito, a paz, o escuro, o claro, o manso, o cruel, o limitado e o ilimitado, tudo ao mesmo tempo. Quero o equilíbrio de todos os pesos da balança. Afinal, metade não me satisfaz. Sou inteira por dentro e por fora. Sou inteira até dentro de outra metade, esperando para formar o inteiro e manter o equilíbrio das massas do universo. Portanto não me venhas com apenas metades, traga consigo os complementos...
 
Autora: Rita Padoin

terça-feira, 9 de outubro de 2012

COM CERTEZA

Se for para invadir meu mundo que seja para valer, que seja sem muitos rodeios. Adentre com convicção, com certeza, não acorde minha felicidade, não desperte a saudade, nem cultive expectativas se não for para ficar.
 
Deixe as delicadezas de lado, o romantismo adormecido, as gentilezas fora do contexto, afinal de contas você está só de passagem e esta sua vinda foi só um acaso. Nada foi programado.
 
O destino apenas quis provar que tudo ficou a uma distância adormecida, nada será sólido se não for unido com convicção. Analise a situação. Cada dia, cada mês, cada ano, tudo foi evoluindo sem que tivéssemos planejado, fugiu do nosso propósito, ficou longe do nosso entendimento.
 
Mesmo assim foi bom o reencontro do passado com o presente. Movimentou as águas serenas, demoliu os muros que dividia as certezas das incertezas, despertou o rubro e forte sangue das veias que permaneceram estáveis a um longo período.
 
Pare de verbalizar, ninguém mais aguenta esse tipo de coisa. Vejamos: nada mais importa, a não ser os que nos deixe com a certeza de que tudo vale a pena. Arriscar o que? Nada. Nada tem para arriscar, a não ser uma certeza dentro da outra.
 
Ninguém mais quer incertezas, inseguranças, dissabores; o que importa hoje em dia é a certeza do que vamos sentir. Portanto, se for para ter certeza, com certeza.
 
Autora: Rita Padoin

sábado, 6 de outubro de 2012

AO CHEGARES

Ao chegares limita-te a ficar a uma distância que eu consiga olhar dentro dos teus olhos e ver com transparência o brilho do teu olhar. Permita-me analisar cada detalhe que por alguma razão ficou vago num tempo esquecido.
 
Mas, não deixes que o limite seja muito espaçoso e acabe atrapalhando o momento. Destruas as barreiras, ultrapassa os limites, faz me sentir insuportavelmente plena. Deixa o tempo aproximar os anos, deixa os anos romperem o lacre do desconhecido, deixa o mistério da circunstância desvendar o que ficou num baú adormecido, deixa que o invisível destrua as algemas que prenderam uma dor.
 
Aproxima-te devagar, derrama toda a essência de um belo e inesquecível intervalo entre a saudade e o efêmero momento de expectativa. Não permitas que o relógio do século pare e destrua o que ele mesmo trouxe à tona. Ultrapassa o véu da agonia e deixa o vento levantar este véu permitindo que olhemos com clareza a surpresa deste instante.
 
Chega mais perto, quero sentir o frescor da primavera que trouxe o brilho de uma saudade. Vem, não tenhas medo, não deixes que o medo o impeça de prosseguir. Da mais alguns passos e sentirás que nada mudou.
 
Senta-te, vamos brindar degustando o que o momento nos reservou.
 
Rita Padoin
 
 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

NÃO HESITE

Ao invadir meu mundo não hesite, entre. A porta estará aberta. Ao entrar não se esqueça de fechá-la, alguém poderá encontrá-la aberta e ocupar o espaço que já é seu.
 
Se for pela manhã entre na ponta dos pés, acorde-me devagar, sem muito barulho. Tenho um humor delicado e os ruídos podem afugentar a essência do silêncio. Tenha cuidado com as peças que encontrar no caminho, ao bater poderá derrubá-las e seus cacos feri-lo. 
 
Siga sem hesitação. O sonho me avisou de tua chegada, estarei a tua espera. O silêncio matinal traz o sereno canto da noite e o orvalho deixa à mostra a sabedoria do tempo quando há quedas bruscas da temperatura.
 
Se for à noite, entre normalmente, estarei te aguardando com minha melhor roupa e meu melhor perfume. Acompanha o rastro do aroma, exale-o e me busca com certa urgência. Tenho pressa. Pressa de me impor, pressa de me derramar em amor, pressa de me verter inteira dentro de uma única e inesperada loucura.
 
Gosto da noite, do seu silêncio, ela é o mistério em pessoa. Seus olhos observam atentamente cada passo, cada gesto, cada segundo do tic-tac do relógio.
 
Viu a lua? Ela nos observa, aguarda atrás do seu manto as nossas decisões. Não sejas benevolente demais, nem siga instruções, nem seja alguém muito mau.
 
Seja um pouco de tudo ao mesmo tempo, seja uma mistura momentânea. Tenho meus momentos de fragilidade, mas também tenho os de loucura, tenha a sensibilidade de perceber.
 
Autora: Rita Padoin

terça-feira, 2 de outubro de 2012

ADELE - SOMEONE LIKE YOU


ACORDEI

Hoje acordei querendo voltar a ser criança. Acordei com uma nostalgia inexplicável de algo bom que ficou lá trás e que quero resgatá-lo novamente. Acordei querendo despertar aquela criança que ficou adormecida dentro de mim há muito tempo. Aquela criança sem preocupações, sem medos e sem angústias. Acordei querendo trazer aquela heroína que lutava contra os monstros com sua espada mágica matando todos em um só golpe.
 
Senti saudades daquela época em que eu ria da brisa que acariciava meu rosto, da borboleta que pousava na flor, das pequeninas formigas que carregavam seu alimento, das folhas balançando com o vento, do canto estridente da cigarra que anunciava a chegada do mês de dezembro.
 
Acordei com vontade de viver sem me importar com nada. De viver os segundos que ainda restam de cada hora. De rir escancaradamente, de olhar o céu tão azul e me cegar de felicidade. Cantar alto para o sol quando seus raios dourados banharem meu rosto.
 
Acordei querendo caminhar sobre os montes e colinas. Nos caminhos onde só o tempo poderia me acompanhar. Do alto da colina ver o mundo em duas dimensões.
 
Quando a noite chegasse, olhar ao redor e sentir como se eu estivesse dividindo o mundo ao meio. Uma dimensão onde as luzes da cidade estariam abaixo dos meus pés e as estrelas no céu acima da minha cabeça. Imaginar a existência de dois céus. Eu seria o limite entre os dois. Nada mais existiria somente eu e o mundo. Eu seria o pêndulo desta imensidão.
 
Fechar meus olhos e sentir o som do universo, abrir meus braços e ser abraçada pelo imenso mundo das imaginações. Quero viver escandalosamente nas asas da minha imaginação, flutuar sem ter limites para parar. Subir até o ponto em que meu espírito consiga se libertar das amarras deste mundo e voar.
 
Assim viverei livre eternamente.
 
Autora: Rita Padoin

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

OLHAI

Olhai os Lírios do Campo e verás que a profundidade da essência está alojada lá. Rita Padoin
 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

LEMBRE-SE

A vida é muito curta e o tempo passa muito rápido. Tão rápido que não conseguimos acompanhá-lo. Ele passa correndo como se fosse um carrossel constituído de uma grande peça circular que gira em torno de um eixo vertical, e nós os expectadores. Assim é a vida: um carrossel.

Passamos pelo tempo como passamos pela vida, sem perceber. Caminhamos pela mesma rua todos os dias e nem percebemos a rua. Não observamos a vida e a beleza que está ao nosso redor, este é o nosso problema.

A rua está ali, tudo se transformando a cada segundo e nem nos damos conta. Há mutação ao nosso redor constantemente. Tudo nasce, cresce, vive, floresce e morre a cada estação e não sentimos. Não sentimos porque estamos alheios aos acontecimentos a nossa volta. Vemos, mas não enxergamos.

Creio que chegou o momento de acordar e fazer tudo diferente. Ver o mundo sobre outro ângulo, outra perspectiva. Olhar para cima, para os lados, para trás de vez em quando. Abrir os braços para o infinito e deixa-lo nos abraçar.

Criar novos hábitos. Fugir do trivial, cantar alto, ouvir músicas diferentes do que estamos acostumados a ouvir. Caminhar todos os dias. Caminhar por outras ruas, mudar o trajeto. Caminhar faz bem para o corpo e para a alma. A alma necessita de ar puro, de paz, de harmonia e de tranquilidade.

Sinta o perfume e o aroma suave das flores. A brisa acariciando o nosso rosto, os passarinhos cantando, as folhas caindo, o som do vento. Ouça o mundo falando. Ele faz movimentos, sussurros, tenta nos acordar deste mundinho em que nos metemos.

Sejamos ousados de vez em quando. Vamos amar muitas e muitas vezes. Sonhar alto, fazer novas amizades, conhecer pessoas novas. Conhecer pessoas amplia nossos conhecimentos.

Fazer críticas construtivas, ampliar novos horizontes. Buscar o prazeroso, o impossível para muitos, a loucura boa que sempre tivemos vontade de fazer e por medo desistimos.

Ler muito. Ler nos faz viajar para muitos lugares, conhecer novas culturas, novos povos, ampliar novos horizontes, exercitar nossa atenção, nossa memória e os nossos pensamentos.

Acordar cedo. Sentir o silêncio da manhã, o orvalho, o seu frescor, o cantar dos pássaros, a paz que chega e habita em nosso coração. Apreciar o nascer do sol. Fechar os olhos e deixar o mundo nos levar.


Lembre-se: a vida nos chama para vivermos cada minuto. 

Rita Padoin

domingo, 9 de setembro de 2012

VIVER É UM DESAFIO

Viver é um desafio e, desafiar a vida onde há leis e regras não é fácil. Vivo presa à essas regras e provas impostas e nem sequer tenho vontade para tal. Nunca me perguntaram o que eu pensava a respeito, simplesmente tudo foi imposto e pronto. Nasci com esta carga de leis e normas.

Porque tenho que seguir regras e leis se o que quero é o contrário? Sei que isso requer sabedoria e principalmente coragem de enfrentar a vida sem medo. Eu quero enfrentar qualquer coisa, eu quero tudo, quero desrespeitar as leis.

A cada instante intensifico a vida como se tivesse um punhado de magia nas mãos. É como se num passe de mágica eu jogasse ao ar e os desejos se transformassem naquilo que idealizei. Vivo sonhando e esperando sempre.

Sonhar faz parte do jogo e me mantém viva. Eu quero sonhar, eu preciso que o sonho faça parte de mim.

A realidade está bem na minha frente esperando uma ação, para que a magia se transforme.

Quero o sonho da magia sempre....

Rita Padoin

terça-feira, 4 de setembro de 2012

QUANTO

Quanto mais árdua a escalada, mais êxito em obter a ascensão espiritual.
Autora: Rita Padoin

 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

SAUDADE

Saudade, sensação que não conseguimos descrever, mas que o sentimento descreve através de uma ausência. Rita Padoin

SETEMBRO

Setembro...início de um novo ciclo. Início de floração, de vida nova, de amores, de grandes realizações.
 

sábado, 1 de setembro de 2012

SOMBRAS

Existem muitas sombras no nosso caminho e na nossa imaginação. Sombras de vários tamanhos, espessuras, modelos e formas. Têm sombras com asas longas e negras que nos amedrontam se passando pela morte. Outras se passando por monstros, bichos, desenhos e tantas outras coisas.
 
A sombra é uma região escura formada pela falta de luz, porém, o medo nos impede de pensar. No momento em que olhamos para ela, vemos aquilo que nossa imaginação acha que é.
 
Onde tem seres vivos, as sombras estão ali, presentes, acompanhando e fazendo parte de seu destino. É como outro ser que habita dentro de nós. Podendo ser nossa companhia ou nossa agonia, nosso amigo ou nosso inimigo, nossa alegria ou nossa tristeza, nossa luta ou nossa guerra. Tudo depende do ângulo que vemos as coisas.
 
Elas têm a beleza de encantar e ao mesmo tempo traz o medo e a insegurança. Durante o dia elas passam despercebidas, quase nem a notamos. O sol com seu brilho intenso deixa os desenhos geometricamente irregulares. Ficamos muitas vezes em cima delas e nem notamos.
 
Quando a noite chega, esses mesmos desenhos nos apavoram. O medo começa a tomar conta de nós. Olhamos como monstros querendo nos devorar. Monstros soltos invisivelmente à deriva, dançando e amedrontando. Essas sombras deixam no caminho rastros de indecisões, angústias, pavor e tudo mais.
 
Sacodem os corpos e possuem as mentes como se fossem seus alimentos. Sugam sem que sejam vistos, seus corpos alimentados deixam à deriva as almas pacificadas, alojando em algum ponto estratégico.
 
Aí começam as lutas com as espadas invisíveis doadas para suas defesas, erguem seus punhos de aço como se fossem seus escudos contra a injustiça, contra o ódio, a opressão e os lamentos de algo que nem existe.
 
A mente flutua, indo muito além da nossa imaginação, não a controlamos e por isso ela nos domina. Assim criamos monstros dentro de nós que acabam nos engolindo sem que percebamos.
 
Rita Padoin
 








 
 

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

terça-feira, 21 de agosto de 2012

SAUDADE

Como falar ou explicar algo que não tem definição, espessura, tamanho, cor? Algo que é invisível? Quando falamos de saudade é assim que pensamos, algo sem definição.

A saudade é uma sensação que não conseguimos descrever, mas que o sentimento descreve através de uma ausência.

Os poetas a descrevem através dos poemas. Seus versos inundam as páginas expondo sua dor, seu amor, a ausência de alguém querido que partiu e não retornou. É dificil descrever o intangível.

A saudade é um mistério. Esse secreto e oculto fenômeno torna esse sentimento cada vez mais intrigante, deixando-nos com a sensação e a curiosidade de querer cada vez mais descobrir seu significado.

Para uns a saudade dói muito. Dilacera o peito sem que haja remédio capaz de amenizá-la. É uma dor irresistível, incontrolável e que a sensação de perda é tão grande como se a morte estivesse ao seu lado.

Para outros não passa de mero divertimento, pois ela vem e traz para dentro de si o ser amado. E ter esse alguém dentro do pensamento já é o suficiente. Basta a pessoa existir para que a felicidade impere dentro do peito. É uma paz interior capaz de curar qualquer dor, despertando um sentimento de alegria que explode como uma luz intensa.

Assim é a saudade. Questionada por uns, amada por outros, odiada por muitos. Dependendo da sua intensidade é analisada sem que haja um entendimento sobre ela que satisfaça a curiosidade de quem está analisando.


Saudade é um sentimento diferenciado entre as pessoas, cada um sente de uma forma. 

Rita Padoin

sábado, 4 de agosto de 2012

ÁS VEZES

Às vezes o que precisamos são de alguns segundos, apenas alguns segundos para decidir. Alguns segundos para criarmos coragem e fazer aquilo que já estava planejado em nossa mente há algum tempo.

Esses segundos são tão importantes que se não agirmos naquele instante, o reflexo de nossas ações serão instantaneamente em vão.

Esses segundos também são aqueles que muitas vezes nos atormentam e nos matam pela ansiedade que temos de querer saber antecipadamente o que irá acontecer. São os segundos mais penosos e que nos colocam frente a frente entre a cruz e a espada.

Muitas vezes nos levam ao fracasso, deixando aquela sensação de que poderíamos ter feito algo a mais e não fizemos. Esses segundos poderão ser o futuro querendo desabrochar dentro de um contexto sem definições, que calculamos e não conseguimos finalizar.

Em relação ao amor então, estamos sempre atrasados. Muitas vezes são tão insignificantes os minutos deste atraso que ficamos à deriva sem reação qualquer, e sempre nos arrependemos, ou por fazer ou por não fazer.

Quando fazemos, chegamos a uma conclusão que não deveria ter sido feito daquele jeito, gerando dentro de nós arrependimentos.

Quando não fazemos, nos arrependemos por não ter feito, gerando com isto, uma sensação de mal-estar por pensar que poderíamos ter feito de outra forma.

Nossa vida é baseada em dúvidas, inseguranças, lamentações, questionamentos conosco e com quem está ao nosso redor.

Pensar demais em determinada ação acaba gerando conflitos e medos internos, provocando uma guerra de dúvidas. Assim sendo, agimos com convicção para o sucesso de nossa jornada.

Devemos agir sem medo, com a convicção de que se tiver que dar errado é porque tinha que ser assim.


A coragem é a peça fundamental para o sucesso da nossa busca e da nossa jornada.

Rita Padoin

SINTOMAS DE SAUDADE - MARISA MONTE

segunda-feira, 30 de julho de 2012

SILENCIO

Decidi calar-me, não porque morri, mas porque descobri no silêncio minha morada. Descobri que ele me traz o aconchego que preciso, que com ele nada e ninguém me magoam, traem, mentem ou ferem.

Decidi me recolher para dentro de mim mesma e que faria do silêncio meu maior aliado.

Descobri no silêncio um mundo totalmente novo, um mundo de ilusões onde nada acontece que não seja aquilo que planejei e idealizei. Descobri tanta coisa nesses últimos dias que me sinto uma idiota por ter ficado tanto tempo longe dele.

Durante esta descoberta percorri caminhos infinitamente irregulares e íngremes por um período que pensei nunca mais acabar. Foram dias amargurados e de luta.

Pensei muitas vezes na morte, chamei-a diversas vezes. Senti-me sozinha querendo que a morte fosse minha companheira e amiga. Implorei para que ela me levasse rápido deste inferno em que me meti.

Fiz muitas perguntas e questionamentos para Deus. Implorei respostas que até hoje não as obtive. Gritei ao vento pedindo que levasse através de sua brisa meus lamentos. Pedi que seu eco ensurdecesse as almas penadas fazendo com que elas se calassem.

Montei um picadeiro e fiz do meu palco um enorme circo colorido e alegre. No palco da vida elevei meu espírito e dancei para a minha plateia, que invisivelmente me aplaudia e gritava de alegria. Imaginei cenas, recriei textos, colori desenhos que estavam invisíveis numa página branca que sorria para mim.

Imaginei tanta coisa no meu silêncio que gargalhei de tanta felicidade, gargalhei tão alto que acordei meu silencio que estava adormecido dentro de um mundo isolado.


Flutuei nas alturas e cheguei até as nuvens, às ultrapassei e fui muito além, fechei meus olhos e voei mais e mais numa intensidade que toquei o céu. Toquei o céu com tanta delicadeza que senti sua vibração. Procurei as estrelas para pegá-las uma a uma, mas era dia e elas estavam dormindo em seu sono profundo e renovador.


Minhas mãos então se recolheram e as pontas dos meus dedos se tocaram como num abraço forte. Os dedos se entrelaçaram felicitando um ao outro num momento de puro êxtase.

Rita Padoin