terça-feira, 29 de julho de 2014

RIGOROSO VERÃO

Nasci no verão rigoroso de um dia qualquer. Um mês que é o auge do verão e que tudo está à flor da pele. Nasci com predisposição de ver o tudo de uma forma diferente. Nasci agitadíssima e com incontroláveis vontades de ver o mundo girar numa certa direção que ninguém entenderia se eu fosse contar. Nasci com o tempo de criar e recriar numa dimensão sem fim.
 
Assim, foi o meu nascimento, sem que eu tenha escolhido o dia, o mês ou o ano. Ninguém me perguntou coisa alguma. Apenas nasci, cresci e criei responsabilidades. Fui além do que me propuseram, sempre buscando algo além do normal.
 
Descobri que tudo é transitório. Que além de ter no meu caminho regras, leis e tantas outras imposições, não me apeguei a nada. Segui adiante sem que o tempo me segurasse pelos braços. Ele apenas me acompanhou e deixou que eu entendesse o processo completo das leis que o arquiteto do universo desenhou.
 
Rita Padoin
 

 
 

domingo, 27 de julho de 2014

MEU EU

Tenho meus momentos de isolamento. Isolar-me faz parte do meu crescimento e é fundamental para o encontro com o meu Eu. É o momento que encontro para debater todas as minhas indecisões, minhas angustias e meus temores. É quando me encontro para ter um aparte com a vida.
Tenho minhas loucuras e nunca consigo por para fora. Aproveito quando meu Eu está disponível. O tempo me ajudou a suportar tudo e continua me ajudando.

É tempo de mudanças, tempo de seguir em frente. O que ficou é passado e o passado não se resgata mais. O presente está a topo vapor, precisamos correr para conseguir alcançar nossos sonhos.
Rita Padoin

sábado, 26 de julho de 2014

Gino Vannelli - It Hurts to Be in Love (live)1991


O CENTRO DO TODO

Às vezes uma parte de mim sorri e a outra chora. Talvez seja difícil entender. São partes independentes que se alojam no mesmo lugar e ao mesmo tempo.
 
O meu inteiro molda o centro. Talvez as camadas que me formam e cercam o todo, não se movem para intensificar o meio.
 
Se me perguntarem como eu descobri, saberei responder com a certeza de um dia a mais de vida. Talvez eu sinta que estas partes estão ali e que este sentimento acaba interferindo um pouco o real. O todo que mantém os labirintos montados consegue equilibrar as partes que se alojam no invisível.
 
Às vezes eu faço e me refaço, quantas vezes forem necessárias. Eu sei que só se curam as feridas causadas pelo tempo, quando os pedaços forem calculados e refeitos e recolocados e encaixados todos nos seus devidos lugares.
 
É claro que fica difícil ficarem iguais, mas, reconstruímos de uma maneira que não fiquem cicatrizes tão profundas. Assim vamos nos moldando dia a dia.
 
Rita Padoin
 
 
 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

ENCONTROS E DESENCONTROS


Entre o vidro que nos separa há a esperança de um dia nos encontrarmos. Há um momento de silêncio e um enigma. Dentro deste mundo há uma “caliente” espera que faz renascer a cada dia uma busca.

Dentro deste mundo reside um grande amor, uma grande ilusão, um grande poder, uma grande sensibilidade. Cada minuto, um enigmático mito de aventuras. É a  ilusão de um mundo à parte que criamos e pensamos que seria diferente.

Teus sinais confundem o tempo, a minha sensibilidade de mulher e todas as muralhas que invisivelmente cercam nosso mundo. Um mundo sutil como um lívido marfim.

No teu mundo mora a insensibilidade do querer, a arrogância do poder, a invisível e tênue linha que separa o espaço. Espaço de tempo, de limite, de busca, de querer e de viver. É lá neste espaço infinito que mora todos os sonhos.

A bela e misteriosa luz das estrelas ultrapassa o portal dos dois mundos irregulares que ficou entre nós.

O momento do encontro inesperado aconteceu e ninguém se deu conta de que era o mesmo mundo e que ficou tão irregular e distante quanto o entendimento do momento.

O céu se abriu e o azul foi marcante para o mês de julho. O mês ficou praticamente todo com cara de primavera e nem percebemos. O sol deixou sua marca quando se despediu do final de tarde.

Assim foi o nosso encontro inesperado e desencontrado num dia qualquer de inverno.
Rita Padoin
 
 

domingo, 20 de julho de 2014

O TEMPO

O tempo é leve, sutil e enigmático. O tempo vive numa dimensão onde não podemos mensurar. Ele voa como os pássaros no céu, como o vento, como o rio que corre para o mar, como a intensidade da vida. O tempo tem seu tempo e ninguém consegue segurá-lo. Ele escapa das nossas mãos e voa alto, tão alto que nem o pensamento o alcança. Assim é a nossa vida, depende do tempo e da intensidade para nortear seu destino...
Rita Padoin

segunda-feira, 14 de julho de 2014

BARREIRAS

O sol está começando a nascer. Há entre nós uma barreira que não consigo descrever. É tão belo e ao mesmo tempo misterioso que a sensação torna-se indescritível.
 
Sei que é banal o que estou tentando descrever, porém, há muita coisa que está ligada entre o céu e a terra, que se torna uma incógnita.
 
Esta barreira que há entre nós limita nosso entender. Limita nossa ligação. É uma barreira que deixa o momento na expectativa de ver seu nascimento.
 
A janela que nos separa é de outro estado e o sol aqui nasce na minha frente. Diferente da minha cidade, onde o sol nasce do outro lado.
 
Viver de maneira igual e diferente dependendo do ângulo que olhamos e dependendo do ângulo que analisamos.
 
Rita Padoin
 
 

domingo, 13 de julho de 2014

RICHARD MARX - ANGELIA


JÁ TENTEI


Já tentei fazer um poema qualquer sem muitos rodeios. Já tentei me sobrepor de alguma maneira. Já tentei dispor de muitas coisas que nem eu mesma entendo, mas, não consegui. Sou poeticamente romântica e as palavras apenas procuram um alinhamento quando as coloco em contato com o papel. A caneta e eu nos envolvemos intimamente.

Os segredos que há muito tempo estavam trancafiados, ficaram sem eira e nem beira. Já vivi escondida com medo de que os meus segredos fossem revelados e que tudo viesse à tona. São segredos banais, mas, guardo-os a sete chaves. Ninguém os entenderia.

Só eu entendo cada gota de saudade, cada ponto de exclamação, cada linha de expressão, cada interrogação, cada vírgula, cada momento expressado com intensidade. Não é porque as pessoas não têm habilidade para entender, é porque são tão íntimos e tão meus que não tem o porquê alguém mais saber ou entender.

São os meus segredos e quando me sinto só, os procuro. Assim fazemos companhia um ao outro. Gosto de ter meus segredos. Somos amigos íntimos. Fica a impressão de que ele e eu temos os nossos momentos. Enquanto estão trancafiados, estão seguros. Nada e ninguém poderá interferir.

Teorizar à cerca da poesia é complexo. Teria que priorizar certas buscas e que na verdade fica difícil tentar fazer entender.

Segredos são segredos e nada mais...apenas são íntimos e meus.
Rita Padoin
https://www.facebook.com/ritapadoinpoeta


quinta-feira, 10 de julho de 2014

LEGADO


Sustento esta minha capacidade de poder criar e recriar minha existência. Fui refém de uma vida vã, muito tempo. Ao meu redor construíram uma arena de grandes jogos onde o troféu seria o meu legado. Dentro desta redoma mantiveram todas as crenças que por muito tempo achavam que fossem minhas, mas, na verdade descobri que não eram. Apenas suas vontades eram alimentadas e imaginaram que fossem minhas também.
 
Com o tempo descobri que nada era meu. Tudo era passageiro. Carreguei esta carga sem saber que um dia tudo seria apenas a bagagem da vida. Que nada me pertencia.
 
A orla desta cidade tem a sua beleza e traz no seu dorso toda uma história. Cidade de pequeno porte e com grandes raízes. Foi aqui que desfiz e refiz boa parte da minha trajetória. Foi nesta pitoresca cidade que renasci e morri muitas vezes.
 
Foi aqui que busquei, idealizei, sonhei, cresci e me tornei quem sou hoje. Foi aqui que fechei vários ciclos. Foi aqui que me tornei dona das minhas idealizações.
 
Com o tempo todos os elos da corrente foram se partindo e as pegadas foram se desfazendo uma a uma. É claro que foi o tempo e toda a luta que levaram embora o paradoxo que a vida mostrou.
 
Foi aqui que tudo recomeçou e renasci para uma vida que realmente é a minha.
Rita Padoin
 
 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Ao ser convocado para uma missão, cumpre-a com sabedoria e determinação antes de te desviares dos objetivos. Rita Padoin

terça-feira, 1 de julho de 2014

CAMINHO DO MUNDO

Vivo no caminho do mundo e levo um pouco do meu amor. Mesmo que esse amor seja incompreendido e sem uma noção certa do que pretendo deixar. Mesmo que cada pedaço de mim seja esquecido. Mesmo que tudo que eu faça de bom não seja levado a sério. Mesmo que meu destino seja traçado de um ângulo que eu não concordo, mesmo assim, continuarei minha jornada e nada farei para impedi-lo.

Continuarei semeando amor, plantando emoções e em cada esquina deixarei muitas sementes. Um dia elas germinarão e florescerão. Um dia tudo será diferente. Mesmo que aos olhos alheios tudo pareça em vão e que nada é ou será importante, porém, aos meus olhos sempre serão verdadeiros e puros.

Um dia partirei. E quando partir, levarei uma bagagem recheada de sonhos. Sonhos de um futuro que será próspero e o que ficará para trás morrerá na minha memória.

Não que eu queira partir ou largar tudo, são as forças das circunstâncias que me farão tomar tal decisão. Muitas vezes queremos algo que não está mais sob nosso controle. Chega um momento que veremos que chegou a nossa hora de partir.

Nada restará para lembrar. Tudo ficará esquecido e enterrado como se nada tivesse acontecido. Em cada caminho que percorrer uma nova esperança, uma nova vitória, uma nova busca, que sempre esperei e que virá de encontro.

Quando partir, levarei comigo apenas a leveza do ar, as emoções que encontrar e a beleza de cada olhar. Quando partir levarei na lembrança as lutas incansáveis, as buscas intermináveis e os amores desejados. Quando partir tudo ficará lá, no mesmo lugar e quando olhar para trás tudo ficará tão distante, mas, tão distante, que mal conseguirei enxergar. Será apenas uma neblina que encortinará este meu mundo, do qual um dia fiz parte.


Rita Padoin