Ao chegares limita-te a ficar a uma distância que eu consiga olhar dentro dos teus olhos e ver com transparência o brilho do teu olhar. Permita-me analisar cada detalhe que por alguma razão ficou vago num tempo esquecido.
Mas, não deixes que o limite seja muito espaçoso e acabe atrapalhando o momento. Destruas as barreiras, ultrapassa os limites, faz me sentir insuportavelmente plena. Deixa o tempo aproximar os anos, deixa os anos romperem o lacre do desconhecido, deixa o mistério da circunstância desvendar o que ficou num baú adormecido, deixa que o invisível destrua as algemas que prenderam uma dor.
Aproxima-te devagar, derrama toda a essência de um belo e inesquecível intervalo entre a saudade e o efêmero momento de expectativa.
Não permitas que o relógio do século pare e destrua o que ele mesmo trouxe à tona. Ultrapassa o véu da agonia e deixa o vento levantar este véu permitindo que olhemos com clareza a surpresa deste instante.
Chega mais perto, quero sentir o frescor da primavera que trouxe o brilho de uma saudade. Vem, não tenhas medo, não deixes que o medo o impeça de prosseguir. Da mais alguns passos e sentirás que nada mudou.
Senta-te, vamos brindar degustando o que o momento nos reservou.
Rita Padoin
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