terça-feira, 11 de dezembro de 2012

IMAGINAÇÕES

Muitas vezes tenho vontade de ser extremamente cruel. Uma crueldade que dilacera o que vem pela frente, sem dó e nem piedade. É uma vontade cruel que chega a doer e provocar a morte. Depois esta vontade passa.

Às vezes me sinto tão só que fico com dó de mim. É uma dor que machuca o peito.

É como estou neste momento, dilacerada, por dentro e por fora. Uma dor cruel onde morte e vida se misturam numa mesma intensidade, como se fossem uma só. Perpetuei-me para não me tornar monstruosa diante do que estou sentindo.

Sinto-me uma exclamação. Verto-me horizontalmente como a água do rio a contornar os obstáculos para chegar de encontro ao mar e se fundir em um só. Sou o que penso ser, sou assim como imagino, sou a liberdade em forma de sopro, sou o ar que respiro.

O mundo respira num eterno silêncio. Eu respiro e o silêncio fica dentro de mim, me alimentando. Tento me encaixar em algum molde que encontro e não consigo. Estou fora de forma, fora de foco, fora do contexto. É ilimitado meu pensamento, uma mistura sem definição.

Somo as incompreensões, multiplico as indiferenças e faço todos os cálculos matemáticos para compreender o incompreensível.

Não consigo saber mais quem sou, é curioso. Estou num mundo tão silencioso que fico com medo dele. Estou com medo neste instante, um medo que não sei descrever. Não é do silêncio que eu tenho medo é de mim mesma, é do que tenta se apossar de mim neste momento.

É momentâneo, mas, este intervalo parece que me engole num único e irresistível sopro. É a imaginação do momento me engolindo.

Rita Padoin 

 

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