Vieste sem avisar, sem nenhum sinal, nenhuma notícia, apenas reapareceu como o sopro do vento. Reascendeu o que tinha ficado adormecido num tempo distante e sem nenhuma esperança. Balançou os monumentos, revolucionou o tempo, movimentou o mundo, remexeu as estruturas, acalentou o coração, tremeu as bases.
Era uma manhã de outubro. O dia estava cinzento. Da janela fiquei a observar os movimentos do mundo, cada traço, cada som e senti uma breve e momentânea felicidade.
Olhaste dentro dos meus olhos e sentimos que a saudade apenas tinha ficado num caminho distante. Relembramos um tempo de pura expectativa e sonhos. Um tempo que reascendia uma chama de eterna magia. Tudo voltou naquele breve momento de relembranças.
Nas gavetas do tempo as folhas amareladas e tímidas do passado não se moveram, ficando apenas o que era superficial.
Com um simples adeus foste no mesmo instante que vieste. Teu vulto foi sumindo pelo caminho e o tempo parou para acenar com um adeus tão breve quanto a tua chegada.
Em meio ao nebuloso, sem nenhum entendimento, sem nenhuma resposta tu te foste. As interrogações ficaram soltas sem nenhuma pergunta. Sem nada a entender viraram exclamações que verteram em nada diante do tudo que estava à nossa frente.
Assim, evaporou o que ainda tinha restado de uma lembrança passada. O ciclo se fechou e a vida chama para um novo e esplendoroso início.
Autora: Rita Padoin