domingo, 24 de junho de 2012

ALUCINAÇÕES

Hoje acordei com a sensação de que tudo estava sem nexo, sem respostas, sem uma aproximação com o verídico, sem uma definição. A sensação que eu senti neste momento, foi de vazio. Como se tudo que eu tinha tivesse sido roubado, ficando apenas a sensação do nada.

Era como se eu não existisse mais. Que a minha identidade tivesse desaparecido e que eu tivesse que correr atrás para encontrar uma nova. O mundo onde eu sempre vivi, não o reconhecia, tudo estava muito estranho, o tempo mudou de repente e eu não percebi.

Vi-me parada numa rua, onde tudo era desconhecido. De um lado da rua nada, do outro apenas um vazio, não existiam casas, habitantes, apenas a estrada, eu e nada mais.
O medo começou a me dominar. A sensação de vazio me deixou apavorada. Uma angustia muito forte tomou conta do meu peito e tudo ficou muito irregular naquele momento.

As perguntas começaram a me atormentar. O que farei diante desta situação que dominou meu mundo?
Respondi: - Não sei o que farei diante de uma pergunta onde a resposta é vaga, sem uma conotação adequada, sem um objetivo.

Luto contra todas essas alucinações que me atormentam. Tento superar sem que ela consiga me dominar. Trabalho com a mente para que ela relaxe dando o enfoque necessário para a minha sobrevivência e eu consiga manter meu equilíbrio.

Ao mesmo tempo em que luto, pergunto-me: - Como lutar contra algo desconhecido? Não sei. Não tem receita e nem respostas para isso. Apenas lutar com todas as forças para superar essa batalha.

Há muito tempo não me sentia assim. Pensei que tivesse conseguido superar o que ficou lá traz, mas parece que me enganei. Tudo veio a tona, tão de repente que me vi perdida no meio de um furacão tão devastador que não consegui olhar para trás para saber de onde estava vindo. Percebi que eu ainda tinha um caminho pela frente a seguir e que eu precisava superar essas alucinações. É como entrar numa floresta numa noite sem que a lua estive lá a me observar e a escuridão me abocanhasse sem perceber que era eu.

Meu Deus faça com que a solidão não me destrua que eu volte a realidade nua e crua. Dê-me tuas mãos para que eu consiga seguir sem medo. Acorde-me deste sono profundo que luto sem sucesso para acordar.

Tenho ficado em estado de vigília e preparação faz muito tempo. Algo necessário para o encontro com a purificação do momento que será sereno e de plena harmonia. Sei que caminhar a esse nosso trajeto exige muita determinação, paciência e desapego a tudo que mais amamos.

Rita Padoin

sábado, 23 de junho de 2012

DESCOBRI

Descobri que uma das coisas de que mais gosto de fazer nesta vida é escrever. Mesmo que o que escrevo seja desordenado e desalinhado para uns, uma loucura ou uma idiotice para outros. Que as frases sejam sem nexo e sem uma direção certa. Não importa. Só sei que escrever me alimenta e relaxa meu coração poético.
 
Queria escrever algo banal, tranquilo que apenas me levasse a fugir deste corre-corre da vida. Não sei o que eu quero com isso. Talvez atingir o cume da montanha mais alta. Não sei.
 
Talvez me perguntem, por que a montanha? Talvez pudesse ser a mata, ou o deserto, ou o mar, quem sabe o céu. O que importa quando não sabemos se a direção é certa ou incerta como o tempo?
 
Escrever atinge o ilimitado. É como a vida, ilimitada, sem uma coordenação. Quero atingir todos os limites, o cume, o ápice, a adrenalina constante. Estou ainda tentando escrever algo sereno, algo que deixasse um pouco de lado meu apogeu. Mas não encontro.
 
Na verdade nem quero encontrar, quero continuar buscando cada vez mais. A outra coisa de que gosto de fazer é amar. Amar quer dizer algo? Amar nunca foi algo. Amar é tudo. Eu gosto de amar as pessoas. Saber que as pessoas estão felizes me deixa extremamente feliz.
 
Meu instinto de mulher quando ama fica tão estável que eu poderia descrever detalhes que talvez inundassem esta página com palavras de amor; mas, o que importa isso tudo se ninguém se importa mais com o amor? Amar é tão vasto que eu poderia me perder amando.
 
Escrever e amar é uma junção que combina. Em meus versos escrevo amando sem uma noção certa do que quero deixar na página, apenas amo escrevendo e escrevo amando.
 
Rita Padoin

MARISA MONTE - NAO É FÁCIL

quinta-feira, 14 de junho de 2012

INCERTEZAS

Se eu pudesse deixar alguma coisa, deixaria meu amor, minha vida plena de harmonia e meu caminho incerto para que decida o certo. Deixaria acesa a chama que arde em luz.

Se eu pudesse decidir caminhos, mesmo os errados e tortuosos, decidiria pelo pleno em luz. Não sei se saberia decidir. Talvez nem apontar alguma direção que pudesse indicar algo ou alguma coisa infinitamente constante.

Porém, seria uma decisão que com certeza traria resultados positivos. Se é que há algo ou alguma coisa que ser possa decidido.

Não tenho forças para decidir nada neste momento. É tudo muito complexo. Olho para o caminho que calado nada me diz. As horas passam, os minutos avançam sem ao menos puxar meus braços.

As folhas se arrastam pelo chão, levadas pelo vento. Continuo no mesmo lugar olhando para o nada sem decidir.

As folhas se arrastam pelo chão, levadas pelo vento. Continuo no mesmo lugar olhando para o nada sem decidir.

Passa por mim o tempo, o som do nada, a percepção da curva adiantada, o entremeio da dúvida, menos eu, que fiquei por muito tempo analisando o nada.

Percebo então, que não foram dias, foram anos vendo o tempo passar por mim, tendo a percepção dele em vários ângulos, formas e intensidades.

Calculei cada centímetro irregular sem muita mudança, multipliquei os espaços, diminuí as dúvidas e tentei igualar as certezas.

Gostaria de deixar algo aqui, mesmo que sejam sem sentido. O que tem de sentido nesta vida? O que há de certo e perspicaz?

Nada é certo. Nada é incerto. As análises não são entendidas, nem nós a entendemos. Então não digo nada e do nada cada um faz a análise que corresponder melhor dentro de cada pensamento.

Os cálculos se multiplicam sem que as somas atinjam o valor ideal...

Rita Padoin

 





 

 

 
 
 

quinta-feira, 7 de junho de 2012

INSENSATEZ

Poderei eu argumentar com teu estado de loucura momentânea? Não. Pois o teu estado de loucura momentânea foi tão incerto naquele momento quanto o tempo de espera e os talvez tão duvidosos quanto a minha surpresa.
 
As silabas tônicas vagaram silenciosamente ao amanhecer querendo encaixar-se para formar as palavras na página pálida e fria. À medida que as frases foram sendo moldadas, tomando forma, a estranheza me parecia tão incerta quanto o futuro que não sabemos se virá.
 
Talvez o momento fosse propício à loucura. Talvez naquele instante o tempo do teu tempo tivesse se esgotado. O mais devastador e temido furacão jamais poderia deter aquelas palavras. Elas saíam sem um significado, na ânsia de propor um sentido óbvio e com a interpretação significativa que só um cego não enxergaria.
 
Os medos e as inseguranças do que poderia reverter naquele instante iam sumindo do teu intelecto, assim que a segurança ia possuindo-o.
 
Ah, e dizer que isso vai abalar minhas estruturas? Fico imaginando o que poderia abalar as estruturas do encanto da alma. Nada pode abalar. Nada. A não ser o ciclone. Mesmo assim o medo encurvar-se-ia fazendo reverência.
 
O que abala as estruturas abala também o mundo. E nada hoje abalaria minhas estruturas. Nem estas palavras soltas no ar, que vieram como o sopro quente de um vento avisando que viria uma tempestade de verão por aí.
 
Os muros foram construídos com a força do tempo impedindo os vendavais externos. Dentro do nosso pensamento fazemos nosso mundo girar. Amamos e deixamos de amar em questão de segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos ou eternidade, depende do que nos faz acreditar ou de quem nos faz vibrar.
 
Vivemos do nosso jeito sem que a interferência mundana coloque empecilho algum. Dentro dos nossos pensamentos vivemos e morremos mil vezes. Buscamos e deixamos para trás os sonhos, antecipamos nossos planos, montamos e desmontamos nossos quebra-cabeças infinitamente.
 
Quebramos paradigmas, lutamos com nossos monstros interiores e vencemos sempre a batalha. É no silêncio dos nossos pensamentos que tudo transmuta.
 
Rita Padoin

domingo, 3 de junho de 2012

DESCONHEÇO

Desconheço o amor verdadeiro. Aquele da troca, sem as cobranças, sem vinculo, sem apego. Por isso não venhas me acordar de um sono leve e sem pesadelos. Estou a um milhão de distância deste mundo sem nada a dar, sem nada a acrescentar, sem nada no seu centro, um mundo vazio.
 

         Prefiro continuar buscando o imaginário, o que me eleva. Doar-me ao que me deixa nas nuvens. Desconheço o que as pessoas chamam de um novo mundo, uma nova era, uma nova realidade, uma nova liberdade. Liberdade? Só se for dentro da própria prisão, criada para que a imaginação seja de uma falsa liberdade e que não quero para mim.
 

         De novo neste mundo que chamam de novo só a idade. Ela vem a cada dia apavorando as pessoas que não estão preparadas para cada ruga que aparece; cada tropeço que a vida coloca na sua frente sem um manual de instrução.
 

         Não quero acordar para esse mundo. Por isso me deixa no meu profundo sono leve, onde nada acontece que eu não queira, onde meus pesadelos são somente a paz e a harmonia.
 

         Quero viver o ilimitado, o inatingível, o sonho imaginário, a loucura, o sonho de não acordar num outro mundo que não seja este. Por isso não me acordes deste sono leve, a não ser que o teu seja tão leve quanto o meu.
 
Rita Padoin