sábado, 21 de setembro de 2013

NOSSA VIDA

Nossa vida é feita de ciclos. Pequenos para quem tem o olhar de sabedoria. Grandes para quem tem pressa. Pressa de não entender o tamanho do tempo. Pressa de ir pelo tempo finito, pelo atalho antecipado.

Pressa de não ver o que a vida deixa a mostra. Pressa de ter tudo o que queremos ao nosso tempo. Pressa de viver tudo ao mesmo tempo e não se importar se isto vai ferir alguém ou nós mesmos.

Tudo o que vem tem um tempo, uma data de validade. Um tempo para que tudo aconteça exatamente como foi determinado. Se prestarmos atenção no seu sinal ele mostrará que seu determinado tempo é passageiro. Breve. É como a brisa, chega de leve e se vai sem ao menos percebermos.

É imperceptível aos nossos olhos se não estivermos atentos. Há de se ter grande percepção para que nada transcorra sem que consigamos registrar e guardar no nosso baú de recordações.

Os ciclos vêm e vão. Há uma lacuna entre a vinda, a passagem e a ida de cada um. Esta lacuna é o que determina o tempo para o seu fechamento.

Vivemos com pressa sempre. Vivemos correndo como se o que está à nossa volta fosse fugir de nós. O tempo de cada um dos ciclos é determinado pela nossa aceitação e entendimento de cada passagem.


Tudo passa e o que tiver que ser nosso fica; menos nosso espírito que transmuta em ascensão.

Rita Padoin

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

terça-feira, 17 de setembro de 2013

NADA RESTOU

Se tivesse sobrado algo, poderíamos rever todo um contexto. Poderíamos sentar e analisar. Poderíamos avaliar e reavaliar o que restou; juntar para recomeçar o que ficou perdido.

Porém, nada restou. Não aconteceu nada que sobrasse alguma coisa. Sempre foi vazio, sem uma conexão perfeita. Apenas o entremeio de ilusão, de esperas, de lutas, de sonhos e de imaginações.

Hoje acordei com medo. Medo da vida. Medo do que ela me reserva. Medo de ter que assumir algo desconhecido. Medo de ir e não encontrar o que tanto planejei. Medo de não achar o que sempre procurei. É um medo comum, sem dor, sem angústias, apenas algo novo para desbravar.

Um dia eu teria que enfrentar o medo. Um dia ele bateria na minha porta e diria:
- Cheguei, e agora?
Eu olharia para ele e diria:
- Não sei. O que farei agora? Por onde recomeçarei?

Com certeza ele não terá as respostas para minhas perguntas. As respostas eu terei que buscar.
O medo vive no entremeio de nossos sonhos. 

Rita Padoin

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

DE-ME UM MOTIVO

Dê-me um motivo para ficar. Apenas um motivo. Se tiver um motivo que define minha estada aqui, eu ficarei.

Há tantas confissões sem limitações. Há tantas interferências, há tantos personagens desencontrados. Há tantos diálogos não ouvidos. Há tantas buscas sem uma razão.

A vida está lotada de pormenores inacabados. De romances sem uma definição. De amores perdidos. De caminhos não traçados. De vontades não planejadas.

Ah, seu eu pudesse interferir. Quantas coisas eu arrumaria. Quantos destinos seriam traçados com certezas. Quantos amores seriam encontrados.

Se eu pudesse interferir, quantas lutas acabariam e quantos caminhos seriam melhorados para esperar as chegadas. Quantas flores seriam regadas, quantas e quantas coisas eu acertaria só para ver sorrisos nos rostos.


Mas, não há nada que se possa fazer. Os destinos já foram predestinados e traçados. As lutas começadas e as batalhas indefinidas. Não há nada que se possa fazer. Nada. Só resta aceitar e buscar novos caminhos.

Rita Padoin

ELTON JOHN - CAN YOU FEEL THE LOVE TONIGHT


domingo, 1 de setembro de 2013

RECONSTRUÇÃO DE UMA VIDA

Vivi a maior parte da minha vida com limitações, horários e regras. Frustrei-me muitas vezes por aceitar sem questionar. Passei vontades irresistíveis. Mas, acabei resistindo. Tive desejos incontroláveis. Difíceis de conter? Sim. Mas, os contive.

Deixei de fazer coisas que eu amava. De conhecer pessoas, cidades, lugares e praias que eu sonhava. Deixei de escutar as músicas que eu gostava, de ir a lugares magníficos. De jantar em lugares pitorescos, de conhecer e fazer novos amigos.

Tive pretensões descabidas. Vontades intermináveis. Escolhas e gostos diferenciados, sempre com restrições. Às regras sempre estiveram presentes no meu dia-a-dia. Elas me seguiram durante muitos anos e nunca parei para contê-las ou rejeitá-las.

Apenas aceitei e jamais questionei algo ou alguma coisa do que estava acontecendo naqueles momentos. Eram tão normais quanto os hábitos cotidianos.

Deixei tudo para trás para viver uma vida que não era a minha. Pensei que minha vida e a minha felicidade estariam ali, naquele lugar, com aquelas pessoas, aquelas músicas; naquele mundo entre muros limitando minha caminhada.

Hoje vejo que minha vida estava dentro de mim e os lugares eu teria que explorar. Que as pessoas eu iria encontrar durante esta caminhada.

Que eu teria que ir a busca dos meus sonhos. Que eles não viriam até mim. As pessoas do passado eu as reencontraria nesta jornada. Que a minha liberdade de ir e vir seriam comandada apenas por mim e mais ninguém. Esta conquista seria vencida mais dia ou menos dia.

Hoje resgatei muitas coisas que eram minhas e tinham ficado lá trás. Perdidas, como eu. Estavam apenas fora de lugar. Fora de um eixo que ninguém nunca conseguiria recolocar no seu lugar. Apenas eu. Só eu e mais ninguém.

Assim o fiz e continuo fazendo. Resgatando e recolocando tudo no seu devido lugar...


Rita Padoin