terça-feira, 1 de abril de 2014

TEU CHAMADO

Ouço um chamado, insistentemente. Procuro-o e não encontro. Dentro das madrugadas, o silêncio invade a noite e por onde meus olhos alcançam não o vejo. Por que me chamas, se em cada canto que vasculho tudo é vazio? Procuro-o em cada esquina, em cada canto, em cada banco, em cada sombra. As ruas estão desertas e o medo se apossa querendo invadir meu peito.

Quando chamas, mesmo que em pensamento, sinto-o tão vivo como as estrelas em contato com o céu. Invades as noites sem permissão. Deixas rastros de saudades e leva um pouco dos meus segredos. Levas o suco da noite e o frescor da madrugada.

Chama-me como a intensidade do vento. Tocas no meu corpo como se ele fosse teu e tuas mãos deslisam intensamente. Busco-te mais de uma vez e nada vejo senão o negror da noite. 

As noites estão perfumadas. Sinto seu cheiro todo dentro de mim. Um cheiro de nostalgia. Um cheiro de início de primavera, de nova estação, porém, é outono. Talvez o seu perfume esteja confundindo as estações.

Assim estão as noites, perfumadas, nostálgicas, saudosas, intensas, misteriosas, trazendo dentro delas a beleza de cada estação.

Teu chamado se mistura com o perfume da noite. Adentro sem pressa neste passeio e me verto junto com a noite a tua procura.


Rita Padoin

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