Ouço um chamado,
insistentemente. Procuro-o e não encontro. Dentro das madrugadas, o silêncio
invade a noite e por onde meus olhos alcançam não o vejo. Por que me chamas, se
em cada canto que vasculho tudo é vazio? Procuro-o em cada esquina, em cada
canto, em cada banco, em cada sombra. As ruas estão desertas e o medo se apossa
querendo invadir meu peito.
Quando chamas, mesmo que
em pensamento, sinto-o tão vivo como as estrelas em contato com o céu. Invades
as noites sem permissão. Deixas rastros de saudades e leva um pouco dos meus
segredos. Levas o suco da noite e o frescor da madrugada.
Chama-me como a
intensidade do vento. Tocas no meu corpo como se ele fosse teu e tuas mãos
deslisam intensamente. Busco-te mais de uma vez e nada vejo senão o negror da
noite.
As noites estão perfumadas.
Sinto seu cheiro todo dentro de mim. Um cheiro de nostalgia. Um cheiro de início
de primavera, de nova estação, porém, é outono. Talvez o seu perfume esteja
confundindo as estações.
Assim estão as noites,
perfumadas, nostálgicas, saudosas, intensas, misteriosas, trazendo dentro delas
a beleza de cada estação.
Teu chamado se mistura com
o perfume da noite. Adentro sem pressa neste passeio e me verto junto com a
noite a tua procura.
Rita Padoin
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