sábado, 19 de abril de 2014

NOITES DE OUTONO

O que diria a lua se me visse assim? Talvez ela nem notasse. Talvez nem olhasse para meu rosto e nem percebesse nada. Ela está no auge da sua beleza entre a noite e a madrugada de outono. Eu pensei em chamá-la para um aparte. Talvez ela nem entenderá o meu pedido ou entenderá, não sei.

Enquanto todos dormem, admiro-a. Com uma taça de vinho na mão, brindo mais uma noite de extrema beleza e encanto. Enquanto você dorme,  a lua me faz companhia. Poder-te-ia surpreender de alguma forma. Tentar te acordar do teu sono profundo e ameno para adimirá-la ao meu lado, porém, a noite está tão perfeita que deixá-la neste momento seria imperdoável.

Poderia me perder na madrugada sem me importar com a chegada do outro dia, se assim quisesse. Poderia deixar a cidade e ir a uma outra, ver se a noite lá é a mesma daqui, o mesmo aroma, a mesma intensidade, as mesmas estrelas. Poderia me perder na noite, se assim quisesse. Ela espera que eu faça isto. Talvez ela também precise da minha companhia.

Quem sabe em suas mãos também há uma taça com vinho e que o nosso brinde seja para celebrar a vida e suas grandes e pretensiosas loucuras.

O céu está salpicado de estrelas e remete inocentes laços de afetividade. Se eu pudesse parar as horas, o faria neste exato instante sem hesitar. Ficaria em eterna catarse. Assim seriam as minhas noites, eternamente em êxtase lunar e estrelar.
 
Rita Padoin
 
 
 

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