quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

LIMITES

Queria poder revirar o mundo e recomeçar de uma outra maneira, de uma outra forma. Queria poder alçar voo, levitar nas nuvens, ir até onde os pássaros conseguem chegar e  ultrapassar os seus limites. Limite de tempo, de espaço, de voo, de certezas e incertezas. Limites de todas as formas. Queria poder apenas caminhar sem olhar para trás, desvendar cada pedaço de chão que foi pisado e que nada deixou na recordação, porque ficou no passado.

Queria poder voar entre as nuvens, olhar para as estrelas, chegar bem perto delas e saber se são felizes. Perguntar se a intensidade do seu brilho intensifica ou queima. Se para brilhar dói ou seu brilho é tão intenso que as deixam fora de órbita.

Queria falar com a lua e ver de perto a sua beleza. Analisar cada ângulo. Perguntar se o que ela vê a deixa feliz ou de onde ela está nada interfere no seu mundo. Perguntar se o seu crescimento interfere no seu lado feminino e se viver sozinha nessa imensidão do universo a deixa infeliz.

Queria ter a capacidade de montar e desmontar toda a estrutura que foi montada e nem me perguntaram se eu estava de acordo. Queria que a vida não me olhasse atravessada e que tudo que eu tivesse vontade de fazer ela me apoiaria e ficaria ao meu lado me aplaudindo orgulhosa.

Queria ter a coragem de uma águia, que para continuar viva, enfrenta um doloroso processo de renovação que dura 150 dias e após este período, “renascer”. Então, sair para o famoso voo de renovação, certa da vitória e de estar preparada para viver, por mais 30 anos.

Queria tantas coisas que estão ao meu alcance e ao mesmo tempo estão fora dele. Queria o tudo e o nada ao mesmo tempo.
Rita Padoin
 
 

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