segunda-feira, 27 de outubro de 2014

UM BRINDE AO MOMENTO

Por que tenho que me preocupar com o que eu vou escrever? Afinal de contas o papel que está aqui na minha frente não é de ninguém. Ele é livre e pelo que sei, não tem boca para nada. As frases mesmo que sem nexo fazem parte de mim e do meu entender.

Quando entro em contato com ele, meus segredos são todos revelados; mesmo os que eu não permita. Nossos momentos se tornam tão únicos e tão verdadeiros que tudo acaba sendo revelado sem nenhum pudor naquele momento.

É tão mágico quando entramos em sintonia, que se eu contasse ninguém entenderia e nem acreditaria. Sei que cada segredo, são segredos e que não interessam a ninguém, somente a nós. Que o tempo é o nosso aliado e o silêncio nosso grande companheiro.

Sei que posso deixar todos os detalhes de lado e ir direto ao ponto. Sei que todos os meus segredos serão guardados um a um e que posso confiar sem me preocupar. Entendemo-nos como se fôssemos conhecidos de anos e anos e que fazemos parte um do outro. É tão perfeito o momento, que para entender, somente se passar por ele e vivenciá-lo.

A noite chega e com ela, todo o frescor da primavera. O vento canta lá fora e a noite se torna profana. Eu a entenderia completamente se a fizesse companhia. Convidaria a madrugada e quem estivesse acordado e comemoraria a noite em versos e prosas. Seria uma noite de comemorações e brindes. Seria um pleno e intenso momento.

Ela está perfumada e trouxe consigo o perfume das flores primaveris. Está perfeita para este momento tão especial e singular. Todos os detalhes que por algum motivo se fizeram presente nesta noite serão comemorados e os versos declamados um a um.

Eu e o papel estamos tão íntimos que não tenho nenhum problema em me revelar totalmente. Desnudei-me completamente e brindamos o momento.

Rita Padoin
 
                                             ___________arte de Catrin Welz-Stein
 

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