domingo, 25 de maio de 2014

Medo da Felicidade...

Olho para o mundo e tenho medo dele. Acho que no fundo tenho medo da felicidade ou ela de mim. Sempre que estou muito feliz fico desconfiada. Desconfio secretamente e vou-me afastando para que ela não acabe por si só. Prefiro eu correr dela, assim não corro o risco da felicidade me deixar.
 
Fico em silencio por um longo tempo e procuro saber o valor do silêncio. Tem tantas coisas que eu queria escrever, mas, não posso. As palavras me deixam com medo, por isso fico calada. Há tantas coisas que nunca escrevi e que morrerão comigo. Este silêncio é a minha garantia. Dentro dele está o meu EU gritante.
 
Quero explodir para que as palavras se libertem, seria uma loucura as palavras soltas por aí. Ninguém entenderia nada, porque elas se misturariam. Às vezes quero a verdade outras vezes o oposto dela me alimenta. O cotidiano me mata de tédio, por isso me reservo e escrevo.
 
A vida é tão passageira. É como um sopro, sopramos e ela se foi. Não entendemos nada da vida e isso me deixa angustiada. Pensar que a vida é um sopro, logo vem a minha mente uma bolha de sabão solta no ar.
 
Tocamos nela e ela explode. Ficam no ar apenas pedacinhos que vão se desintegrando um a um. Assim imagino o sopro da vida. Uma película muito fina, quase invisível, transparente, brilhante com multicores como se fosse um arco-íris. Duram apenas alguns segundos e explodem.
 
São os segundos mais belos que nossos olhos já fotografaram e guardaram na gaveta do tempo. Assim é o sopro da vida, simples, intenso e belo, se deixarmos passar em branco ele se vai sem deixar nenhum vestígio...
 
Rita Padoin
 
 

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