quarta-feira, 29 de abril de 2015

QUEM SOU EU

Quem sou eu senão o nada perante o tudo que nasce, vive e morre
Senão as quatro estações, as quatro fases da lua, as quatro fases da vida.
Quem sou eu senão a primavera vestida de flores e cores
Estendendo-se como um tapete imóvel e sem fim.

Quem me dera pudesse ser a grande ave a plainar suavemente
Neste céu pintado da cor de anil. Bordar gotejadamente
Letras infinitamente pontilhadas e me diluir em poesia,
Como as sete vezes sete vidas escondidadas no templo obscuro.

A espera de um mundo a ser, senão apenas a ilusão de ótica.
De tempos em tempos migrar, sobrevoar os limites do espaço,
Um terço de vezes do eu que gostaria e poderia imaginar.
Deletar minhas outras vindas que ficou num passado não tão distante.

Viverei apenas para sonhar. Diluir-me-ei em brancas e suaves plumas.
O vento levará e dessintegrará em algum lugar não tão distante
Vivo um tempo quase que intenso e logo retornarei
Pelas águas salgadas deste mar imenso e imerso de emoções.

Aonde irei senão ao encontro do meu eu imaterial, que vive e é, a invisível
Forma de poeira, levada pelas tempestades de palavras que montam
As grandes e imensas pontes de alusões sobre as minhas vontades.
Encontrar e reconhecer o meu grande e eterno Supremo Indivisível.

A quem pertenço senão ao tempo, ao vento, ao sussurro da noite.
Quem sou eu senão as próprias estrelas, o próprio mar, o próprio sonho
Quem me fala senão a voz de um Deus sem cor, sem nome e sem forma
Apenas a visibilidade de uma luz, o tudo em forma de mundo.

Rita Padoin

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