quinta-feira, 7 de junho de 2012

INSENSATEZ

Poderei eu argumentar com teu estado de loucura momentânea? Não. Pois o teu estado de loucura momentânea foi tão incerto naquele momento quanto o tempo de espera e os talvez tão duvidosos quanto a minha surpresa.
 
As silabas tônicas vagaram silenciosamente ao amanhecer querendo encaixar-se para formar as palavras na página pálida e fria. À medida que as frases foram sendo moldadas, tomando forma, a estranheza me parecia tão incerta quanto o futuro que não sabemos se virá.
 
Talvez o momento fosse propício à loucura. Talvez naquele instante o tempo do teu tempo tivesse se esgotado. O mais devastador e temido furacão jamais poderia deter aquelas palavras. Elas saíam sem um significado, na ânsia de propor um sentido óbvio e com a interpretação significativa que só um cego não enxergaria.
 
Os medos e as inseguranças do que poderia reverter naquele instante iam sumindo do teu intelecto, assim que a segurança ia possuindo-o.
 
Ah, e dizer que isso vai abalar minhas estruturas? Fico imaginando o que poderia abalar as estruturas do encanto da alma. Nada pode abalar. Nada. A não ser o ciclone. Mesmo assim o medo encurvar-se-ia fazendo reverência.
 
O que abala as estruturas abala também o mundo. E nada hoje abalaria minhas estruturas. Nem estas palavras soltas no ar, que vieram como o sopro quente de um vento avisando que viria uma tempestade de verão por aí.
 
Os muros foram construídos com a força do tempo impedindo os vendavais externos. Dentro do nosso pensamento fazemos nosso mundo girar. Amamos e deixamos de amar em questão de segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos ou eternidade, depende do que nos faz acreditar ou de quem nos faz vibrar.
 
Vivemos do nosso jeito sem que a interferência mundana coloque empecilho algum. Dentro dos nossos pensamentos vivemos e morremos mil vezes. Buscamos e deixamos para trás os sonhos, antecipamos nossos planos, montamos e desmontamos nossos quebra-cabeças infinitamente.
 
Quebramos paradigmas, lutamos com nossos monstros interiores e vencemos sempre a batalha. É no silêncio dos nossos pensamentos que tudo transmuta.
 
Rita Padoin

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