Não
tenho partido político e nem religião, nem pátria e nem lar, não tenho nada e
nem sou nada; sou apenas uma partícula voante nesse universo buscando meu rumo
e direção.
Não
tenho vida e nem morte, nem casa e nem estrada, vivo apenas dentro de mim. Sou
dona do meu destino. Vivo no meu casulo onde renascem cada dia os amores
perdidos, os amores encontrados, os amores buscados e os amores vividos.
Sigo
onde meu coração me levar, sem pretensão de mudar, sem limites, voando onde
preciso for. Carregada pelas incertezas do tempo, vivendo e amando por onde eu
passar.
Vivo
porque sinto na pele o calafrio dos tempos de mudanças. Das sensações
indescritíveis de um presente passando sem avisar, dos mistérios que tenho a
desvendar.
Espera-me
a vida, me avisa que chegou o momento da partida. Nos trilhos íngremes vai sem
pressa o destino planejado pelos ventos uivantes de final do inverno.
A
neblina cobre o caminho onde o destino segue. As
badaladas do relógio da matriz batem incessantemente, não se importando se tem
gente dormindo sobre o coração. Insistentemente badala sem parar.
Ouço
seus lamentos de dor ou de amor, sabe-se lá o que quer nos dizer, seja o que
for, vivo sem pretensão de entendê-lo.
Rita Padoin
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