Eu desisto. Deixo para trás o passado.
Deixo para trás as indecisões, as carências, as loucuras e as incertezas. Levo
apenas o que cabe em minhas mãos. Levo a brisa, as sensações de liberdade, os
sonhos e as minhas loucuras. Deixo todas as inconstantes e resgato apenas as
minhas loucuras constantes.
É fácil falar de amor quando ele é posto
à prova apenas com palavras. Quando a folha aceita dentro de um contexto que
não entendemos. Quando só aparecem portas fechadas entre as linhas imaginárias.
Difícil é entender a vida e às loucuras em que ela se apresenta.
Eu entendo até certo ponto, depois se
tornam apenas nuvens de poeira que se estendem durante todo o trajeto que
percorro. São os fios enleados que tendem a ficar muito mais se nada for feito.
O tempo sempre mostra não muito nítido, porém sempre com certas dúvidas. Sempre
haverá alguma razão para desconfiar daquilo que desconhecemos. Meu amor é um
véu invisível. É a mais intensa busca daquilo que apenas estava na imaginação.
Eu desisto. Quando o nada interfere no
tudo e me deixa sem ação. Quando tentam me convencer do contrário e percebo que
estou certa. Quando a imaginação vai além daquilo que eu gostaria. Quando a
vida mostra caminhos destorcidos e não consigo acompanhar. Quando meu mundo não
se encaixa com o mundo das incertezas.
Eu desisto sempre que percebo que as
coisas tendem a ir para um lado inescrupuloso. Sempre que no meu caminho há
barreiras, tento removê-las e não consigo. Desisto porque meu tempo se esgota e
não há nele nenhuma chance de dar certo. Desisto, não porque sou fraca ou por
uma desistência sem nexo, não. Desisto, porque os ciclos se fecham e outros
recomeçarão.
Assim é a vida, cheia de mistérios e de indecisões.
Rita Padoin
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