Decidi calar-me, não porque morri, mas
porque descobri no silêncio, a minha morada. Descobri, que ele traz o aconchego
que preciso. Com ele, nada e ninguém, magoam, traem, mentem ou
ferem. Decidi me recolher para dentro de mim mesma, e que faria deste silêncio,
meu maior aliado.
Descobri no silêncio um mundo totalmente
novo. Um mundo de ilusões, onde nada acontece que não seja aquilo que planejei
e idealizei. Descobri tantas coisas nesses últimos dias, que me sinto uma
idiota por ter ficado tanto tempo longe dele.
Durante esta descoberta, percorri
caminhos infinitamente irregulares e íngremes; por um período que pensei nunca
mais acabar. Foram dias amargurados e de luta. Pensei muitas vezes na
morte. Chamei-a diversas vezes. Senti-me sozinha, querendo que a morte fosse
minha companheira e amiga. Implorei de joelhos, para que ela me levasse rápido
deste inferno em que me meti.
Fiz muitas perguntas e questionamentos
para Deus. Implorei dele respostas, que até hoje não as obtive. Gritei ao vento
pedindo que levasse através de sua brisa meus lamentos e que seu eco
ensurdecesse as almas penadas, fazendo com que elas se calassem.
Montei um picadeiro e fiz do meu palco,
um enorme circo colorido e alegre. No palco da vida, elevei meu espírito e
dancei para a minha plateia que invisivelmente me aplaudia e gritava de
alegria. Imaginei cenas, recriei textos, colori desenhos, que estavam
invisíveis numa página branca que sorria para mim.
Imaginei tanta coisa no meu silêncio, que gargalhei de
tanta felicidade. Gargalhei tão alto, que acordei meu silencio que estava adormecido
dentro de um mundo isolado.
Flutuei nas alturas e cheguei até as
nuvens. Ultrapassei-as e fui muito além. Fechei meus olhos e voei mais e mais,
numa intensidade que toquei o céu. Toquei o céu com tanta delicadeza, que senti
sua vibração. Procurei as estrelas para pegá-las uma a uma, mas era dia. Elas dormiam
seu sono profundo e renovador.
Minhas mãos então se recolheram e as pontas dos meus dedos se tocaram como num abraço forte. Os dedos se entrelaçaram, felicitando um ao outro num momento de puro êxtase.
Minhas mãos então se recolheram e as pontas dos meus dedos se tocaram como num abraço forte. Os dedos se entrelaçaram, felicitando um ao outro num momento de puro êxtase.
Autora: Rita Padoin
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