Houve um tempo em que
eu abria a janela e tudo era colorido.
Hoje, ao lado da
sacada, apenas um vaso vazio.
As flores secaram e eu
nem percebi.
Restaram apenas as suas
raízes mortas,
Tão mortas quanto o
momento presente.
Na rua o que me parecia
óbvio,
A solidão falava uma
linguagem desconhecida.
Olho da sacada as
pessoas passando
E nada me diz de
concreto.
Os carros passam a uma
velocidade que mal posso vê-los,
Os passarinhos cantam
enfileirados como se fossem um coro.
O canto preenche o
vazio do momento e o silêncio apenas observa.
Os jardins estão sem
vida.
As flores se recolheram
Talvez, porque é
outono.
Tempo de recolhimento.
Talvez, eu também
esteja em recolhimento.
Já abri a janela outras
vezes e da sacada as flores sorriam para mim.
O vaso que está vazio,
já floresceu.
Era tempo de floração,
Era primavera.
Estou feliz em saber
que tudo é do jeito que precisa ser:
Que a vida é um pulsar
de energias vibratórias,
Que as primaveras vêm e
se vão.
Nada será diferente do
que tem que ser.
Rita Padoin
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