Não me incomodo com a solidão, porque ela faz parte do meu dia-a-dia. Estar só, não quer dizer que vivemos tristes ou solitários. Estar só, muitas vezes é tão necessário, que não nos damos conta de que estamos sozinhos.
Sempre tive o terrível desejo de estar acompanhada e hoje tenho o terrível desejo de estar em minha companhia. Redescobri-me forte quando me dei à chance de ser quem eu sou. Redescobri tantas e tantas coisas que ficavam engavetadas no canto e que agora resolvi abri-la e retirar tudo o que tinha lá dentro.
Deixei entrar o sol, o ar fresco da manhã e todas as boas energias. Assim, tudo que estava esquecido veio à tona, trazendo tantas recordações boas. Aquele lugar e aquelas mesmas coisas hoje, tiveram outro significado. Resgatei todas ao mesmo tempo e segurei para que elas tivessem outra história.
Quando encontramos na solidão o nosso paradeiro, encontramos também a nossa identidade, que havia se perdido com o tempo. São as consequências de um grande e inevitável mundo que imaginamos e que nos deixou apenas lembranças.
Em um diálogo intimo, deixei escorregar entre meus dedos todos os meus sonhos, para que fossem se realizando um a um. A solidão passou a ser um momento de reflexão, um momento de grandes alegrias. Deixou de ser apenas uma solidão e passou a ser uma companheira de todos os momentos.
Muitas vezes estamos no meio de uma multidão e nem notamos que estamos tão sós. Outras vezes estamos sós numa rua deserta e nos sentimos como se ao nosso redor tivesse uma multidão. São os turbilhões que se alojaram dentro de nós, deixando apenas a sensação de fracasso.
A solidão é relativa, não há uma explicação quanto a sua existência ou a sua aparência. Vivemos sozinhos e nem percebemos. Na verdade já nascemos sós, somos parte de uma incrível manifestação. Apenas buscamos nas outras pessoas a nossa carência.
Na solidão encontramos o que procuramos e não achamos durante a nossa busca. A solidão nada mais é do a nossa própria companhia.
Rita Padoin
Nenhum comentário:
Postar um comentário