sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O INVERNO FINDOU-SE

O inverno findou-se. Já é primavera, seu bálsamo inundou meu quarto. Percebo que a primavera me desperta. Estou saindo do labirinto angustiante em que me meti. Vejo um caminho sem muitas curvas, sinto-me aliviada. Meus pés estão dormentes, estou muito cansada, o trajeto foi longo e doloroso. 

Preciso levantar-me e uma pontada de tristeza invade meu peito. É hora de ir. Estou melancólica, amanheceu. Na verdade não quero ir, quero ficar aqui e alinhar-me na esperança do tempo que veio sem avisar.


E quem sabe? Quem sabe, começamos agora, no hoje. O amanhã não o temos e o ontem já se foi. Só resta o hoje. Rápido tenho pressa, pressa de viver, pressa de resgatar tudo o que deixei lá traz por medo e insegurança, insegurança? Medo? De que? Não sei. Tudo parece muito longe do meu alcance, tento pegar e não consigo, é tão estranho, olho o mundo, ele gira, gira sem parar, estou tonta, sinto escorrer entre meu malar a vertente da minha sensatez.


A música quebra meu silêncio. A batida do instrumento acorda meu coração estagnado. É quase noite novamente de um feriado no meio da semana, no horizonte há nuvens densas deixando o final do dia triste. Transporto-me para dentro da musica e escrevo, escrevo sem parar. Ela me leva ao mais alto grau da minha loucura, sinto-me leve, quase flutuo, meu Deus isso é bom demais.


Não quero contar nem a mim certas coisas que estão trancafiadas dentro de mim. Procuro alguém para dividir o que sinto. Acabo dividindo comigo mesma. Eu me entendo, eu me compreendo, isto tudo é perfeito. O silêncio é tão silencioso que entro em harmonia com ele e viajo no interior de minha alma, sinto um alivio. Nosso encontro deixou-me conectada. 


Gosto desta sensação de paz. Ela me transporta para o infinito e viajo sem parar até encontrar um pouso.


Rita Padoin

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